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Elogiar ou encorajar os filhos: qual a diferença?

Elogiar ou encorajar seus filhos é saudável? Este artigo explica a diferença entre essas duas atitudes e traz dicas práticas para a família!

É indiscutível que receber um elogio ou encorajamento promove bem-estar e acolhimento. Entretanto, embora aparentemente semelhantes, essas duas palavras possuem significados distintos, o que na prática gera resultados opostos na construção da identidade e autoestima, principalmente quando se trata da infância. Compreender essa diferença fará com que a família contribua na construção de um EU FORTE em suas crianças.

A importância do elogio e do encorajamento

Segundo a teoria sociointeracionista de Vygotsky, o modo como a criança enxerga o mundo e o outro caracteriza a maneira como enxerga a si mesma, isso porque o ser humano forma sua identidade por meio de suas relações sociais. Desde a primeira infância, parte do que somos é construído por meio da convivência com o outro, por isso é tão fundamental termos relações familiares saudáveis para que nossas crianças se desenvolvam emocional, social e cognitivamente.

Nesse sentido, o elogio e o encorajamento entram como ferramentas na criação e fortalecimento de um ambiente familiar acolhedor, ou seja, propício à promoção da autoestima, já que ali a criança se sentirá segura e confiante.

Dr. Augusto Cury afirma que “o elogio alivia as feridas da alma, educa a emoção e a autoestima”, mas é importante ressaltar aqui que, nesse caso, o elogio a que ele se refere é não somente o elogio à pessoa, mas também o elogio à performance, o elogio à todo o processo, o que podemos definir como encorajamento.

Elogiar ou encorajar os filhos?

Tanto o elogio quanto o encorajamento são atitudes muito positivas, disso não temos dúvida. No entanto, neste artigo, explicaremos as diferenças entre essas duas ferramentas para que você saiba como elas podem interferir no desenvolvimento de seus filhos, esse entendimento é crucial para que você não promova, mesmo que sem querer, crenças limitantes nas crianças.

Como identificar um elogio

– Geralmente surge após a conquista de um resultado;

– Vem atrelado às características daquilo que a criança é (talento), não do que ela faz (esforço).

– Baseia-se no reconhecimento que o outro tem sobre você ou sua ação (nesse caso, o elogio resulta do sentimento que a criança gera no outro).

Consequências

Estudos da Disciplina Positiva, baseados na teoria da Dra. Jane Nelsen, apontam que o elogio, quando feito com frequência exagerada, pode gerar uma falsa autoconfiança embasada em uma dependência emocional, ou seja, a criança só se sentirá capaz de algo se receber uma validação externa.

Durante muito tempo, pensou-se que elogiar o talento de uma criança (mesmo que ela não o tivesse de fato) desenvolveria sua autoconfiança, mas estudos e pesquisas mais recentes apontam que, na maioria da vezes, a criança frequentemente elogiada desenvolve autoconfiança até certo ponto – na primeira situação desafiadora na qual não consegue obter o resultado esperado, ela se frustra. Mas, e quando ela conseguir obter tal resultado? Será incapaz de perceber isso sozinha, pois perderá a capacidade de se autovalorizar, ficará sempre à espera da validação do outro, assim, quando essa validação não ocorre, ela se sente fracassada.

Outra circunstância que pode ocorrer é uma mentalidade fixa, na qual não se permite desenvolver mais suas competências e habilidades. Pense na seguinte situação: uma criança que sempre ouve que é muito inteligente, por exemplo, pode passar a entender que não precisa se esforçar tanto em suas atividades.

O encorajamento, por outro lado

– Diferentemente do elogio, ele pode acontecer antes, durante e ao final de um processo.

– Valoriza aquilo que a criança faz (performance/esforço) e não aquilo que ela é, ou seja, aqui o foco é no desenvolvimento que se ganha ao longo do processo e não apenas no resultado.

– O foco é no sentimento gerado na própria criança e não no outro.

Consequências

O encorajamento gera, não só autoconfiança, mas também a autocrítica e, principalmente, a resiliência. Pois, se surgir uma situação desafiadora, na qual o resultado não foi o esperado, a criança entenderá que deve valorizar seu esforço, seu progresso e que, da próxima vez, precisará repensar o caminho.

Ademais, por focar no sentimento gerado na criança, surtirá em uma independência emocional, uma vez que ela entenderá que está se esforçando por si mesma e não somente pelo outro.

Faz, ainda, com que a criança desenvolva uma autocrítica pautada na ideia de que sempre é possível fazer mais e melhor, caso ela queira e se empenhe.

Na prática, como funciona?

Vamos pensar em situações práticas do dia a dia nas quais podemos substituir um elogio por um encorajamento. Faça trocas simples, como estas:

  •   “Estou feliz pela nota 10!”, por “Este 10 reflete o quanto você estudou!”
  •   “Adorei seu trabalho”, por “Você deve estar orgulhoso de seu trabalho!”
  •   “Eu te acho bonito com essa roupa”, por “Você deve se sentir bastante confortável com essa roupa!”
  •   “Você é muito bonzinho”, por “Obrigada por ajudar!”

Isso mesmo! Uma pequena mudança na fala fará uma grande diferença na construção da autoestima da criança.

Afinal, elogiar é errado?

Podemos concluir, então, que a resposta para a nossa principal pergunta: “elogiar ou encorajar os filhos é mais saudável?” seria encorajar.

Certamente, é tentador querer elogiar nossos filhos sempre que nos sentimos orgulhosos, e está tudo bem se isso acontecer eventualmente, não devemos nos preocupar. O que não é saudável é fazê-lo desenfreadamente ou de forma superficial.

Entende-se, por fim, que ao substituirmos tanto quanto for possível o elogio pelo encorajamento, estaremos validando o esforço, o processo e, consequentemente, motivando, estimulando a criança para que tenha coragem e acredite em si mesma, isto é, desenvolvendo sua autonomia.



Fonte: https://escoladainteligencia.com.br/elogiar-ou-encorajar-os-filhos/